Com a chegada da janela agrícola, moradores de Portel iniciam o plantio de mudas agroflorestais

Cerca de 150 mil mudas serão plantadas até maio de 2023

A partir desta quinta (15), cerca de 80 famílias de Projetos Estaduais de Assentamentos Agroextrativistas (Peaex) situados em Portel, no Marajó, iniciam o plantio de 60 mil mudas florestais e frutíferas produzidas nos viveiros comunitários do território. A ação integra o projeto Marajó Socioambiental 2030, realizado pelo Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB) e parceiros, com apoio do Fundo Socioambiental da Caixa. 

Uma das metas do projeto é plantar 500 mil mudas até 2024. A cada mutirão, milhares de pequenos açaizeiros e cacaueiros, entre outras espécies nativas da região, serão plantadas nos terrenos das famílias engajadas no projeto. Para cumprir a meta, o IEB apostou na revitalização dos viveiros já instalados na região e no engajamento das comunidades no desenvolvimento das atividades. 

Representante do viveiro do Peaex Alto Camarapi, Romário Pacheco comemora a retomada dos espaços. “O nosso viveiro está com capacidade para 12 mil mudas e a gente já conseguiu a meta desse primeiro ciclo. Nós já temos cadastro de algumas famílias que vão receber essas primeiras mudas e de outras que também estão nos procurando para receberem. Acho que esse projeto é muito importante porque vai alavancar essa produção maior de variedade de espécies que a gente tem hoje e no futuro tornar o território mais sustentável, com a produção de alimentos saudáveis”, avalia Pacheco.

Desafios

Analista socioambiental do IEB, Deborah Pires afirma que um dos maiores desafios do projeto é a disponibilidade de sementes e mudas agroflorestais da região. “A maioria das espécies da Amazônia tem dormência, ou seja, uma dificuldade de germinação, então pra cultivar essas mudas é preciso ter pesquisa. A Embrapa, por exemplo, tem muito material sobre algumas espécies, porém ainda não há um incentivo para a produção, em larga escala, dessas mudas”, afirma.

“Outro desafio é a época de coleta de sementes. Agora, por exemplo, vai iniciar a safra do cupuaçu, que vai de dezembro a fevereiro, então pra ter semente de cupuaçu nesse período, é preciso que as comunidades tenham um planejamento e uma organização prévia de como vai ser essa coleta”, complementa Deborah.

Para aumentar a efetividade do plantio, o projeto Marajó Socioambiental 2030 está realizando o FORMAR Restauração e Gestão, formação continuada que dialoga com os saberes tradicionais dos educandos. “A gente quer aproveitar todo o conhecimento acumulado dos cursistas e repassar algumas técnicas que podem melhorar o que eles já  fazem. Vamos ter um círculo só sobre sementes, sobre como coletar, armazenar, qual a época adequada para cada espécie”, conta.                    

Marajó Socioambiental 2030

Dividido em quatro eixos centrais, o projeto pretende estimular a restauração florestal e promover o fortalecimento de comunidades no arquipélago do Marajó, com foco nos municípios de incidência do projeto: Breves, São Sebastião da Boa Vista, Melgaço, Portel, Muaná e Curralinho.

Previsto para ser implementado até 2024, uma das metas do projeto é plantar 500 mil mudas de espécies agroflorestais, produzidas a partir de viveiros comunitários instalados em Portel e Breves, municípios onde o FORMAR Restauração e Gestão será realizado. A equipe promoverá a integração dos demais municípios por meio de atividades de intercâmbio e outras ações que promovam a socialização dos conhecimentos.

O plantio de mudas segue até maio de 2023, durante o período de chuva, época propícia para o cultivo de espécies perenes (culturas de ciclo longo). O projeto é implementado pelo IEB, com a parceria da Awí Superfoods e do Instituto 5 Elementos, e com o apoio do Fundo Socioambiental (FSA) da Caixa Econômica Federal.