Portel recebe segunda oficina do FORMAR Restauração e Gestão

A ação integra o primeiro círculo de saberes do projeto Marajó Socioambiental 2030

Entre os dias 8 a 10 de dezembro, moradores de Projetos Estaduais de Assentamentos Agroextrativistas (Peaex) situados em Portel, no Marajó, participaram da segunda oficina do 1º Círculo de Saberes do FORMAR Restauração e Gestão, formação continuada focada em agricultoras, agricultores e extrativistas.

A iniciativa integra o Marajó Socioambiental 2030, projeto que visa a promoção da restauração florestal em seis municípios do arquipélago: Breves, São Sebastião da Boa Vista, Melgaço, Portel, Muaná e Curralinho.

A segunda oficina faz parte da primeira fase do FORMAR, curso dividido em seis círculos de saberes, com um total de 160 horas, onde serão abordados temas como sistemas produtivos sustentáveis; produção de mudas; recuperação de áreas degradadas; práticas agroecológicas; introdução de Área de Coleta de Sementes (ACs); organização e inclusão socioprodutiva para produtos da sociobiodiversidade. A coordenação é do IEB, com parcerias locais como o Instituto Federal do Pará (IFPA).

Nessa segunda oficina vamos aprofundar o conteúdo iniciado no final de novembro, ainda na temática de Sistemas Agroflorestais (SAF’s). A formação foi pensada de acordo com a janela agrícola, que se inicia agora no mês de dezembro, e servirá de base para o início do plantio das mudas. A metodologia do FORMAR tem como premissa aliar o campo teórico e a prática, dialogando com os saberes tradicionais dos educandos”, afirma Marcos Silva, analista socioambiental do IEB.

Educandos durante conteúdo prático da oficina

Enquanto ouvia sobre Sistemas Agroflorestais (SAF’s), uma das estratégias do projeto para estimular a recomposição florestal, o educando Raimundo Balbino fez um relato sobre o envolvimento de sua comunidade com o manejo florestal comunitário. “O que está acontecendo aqui, nesse exato momento, é o mesmo que aconteceu há 10 anos, quando o IEB reuniu com moradores do Acangatá, eu estava lá, pra explicar algo que ninguém acreditava, que era o Manejo Florestal Comunitário”, conta.

Nossa comunidade evoluiu muito depois disso e agradecemos aquele momento de formação e reuniões que o IEB promovia, mas eu lembro como as pessoas duvidavam, e hoje vemos que deu certo. Estou vendo a história se repetir com essa formação sobre o que é SAFs e como montar um. E no futuro vamos sentir a diferença em relação aos benefícios que o sistema trás, principalmente por gerar alimentos“, reflete Balbino.

Ao refletir sobre o porquê ainda há predominância de cultivo da monocultura de maniva no território, o educando Vagno, argumentou que “o principal motivo é falta de conhecimento, não tem nas comunidade momentos sobre isso, não tem presença de assistência técnica. Eu lembro também como Balbino acabou de falar sobre a formação de manejo florestal, muitos moradores amigos não queriam ir nos encontros, mas quando iam voltavam diferente, porque formação é muito importante e o incentivo em nos organizar em associação foi mais importante ainda“, concluiu.

Cursistas engajados na segunda oficina do 1º Círculo de Saberes do FORMAR Restauração e Gestão, realizado em Portel, no Marajó

Marajó Socioambiental 2030

Dividido em quatro eixos centrais, o projeto pretende estimular a restauração florestal e promover o fortalecimento de comunidades no arquipélago do Marajó, com foco nos municípios de incidência do projeto: Breves, São Sebastião da Boa Vista, Melgaço, Portel, Muaná e Curralinho.

Previsto para ser implementado até 2024, uma das metas do projeto é plantar 500 mil mudas de espécies agroflorestais, produzidas a partir de viveiros comunitários e particulares instalados em Portel e Breves, municípios onde o FORMAR Restauração e Gestão será realizado. A equipe promoverá a integração dos demais municípios por meio de atividades de intercâmbio e outras ações que promovam a socialização dos conhecimentos.

O próximo encontro formativo será no início de 2023, com o tema práticas agroecológicas. O projeto é implementado pelo IEB, com a parceria da Awí Superfoods e do Instituto 5 Elementos, e com o apoio do Fundo Socioambiental (FSA) da Caixa Econômica Federal.